“Assistindo ‘Avatar’ me senti fazendo história”. Por mais batida que essa frase possa estar ela é a pura verdade. Eu tive a sensação de estar testemunhando a genialidade de um homem. Sim, James Cameron é um gênio. O homem conseguiu unir tudo o que há de melhor no cinema atual, conseguiu fazer um blockbuster de muita qualidade, um filme de ficção científica acessível à todos. Ele criou um mundo, um dialeto, só de pensar o trabalho que deu minha cabeça dá um nó. E pra melhorar ele ainda inseriu toda essa novidade em questões atuais, criticando descaradamente o homem em diversas de suas atitudes. É muito fácil falar que ele fez mais do mesmo, que o visual é a única coisa que presta, que as analogias feitas por ele são comuns e batidas, mas eu duvido que cada um que diz isso consiga fazer algo de tamanha grandiosidade.
A parte visual do filme é o que transmite aquilo que Cameron quer dizer e sem ela isso seria impossível. Durante toda a sessão fiquei embasbacado com tamanha beleza e veracidade, nada pareceu artificial (esse era o meu maior medo em relação ao filme). Cada frame é memorável, é belo. Então é impossível escolher a melhor cena, pois todas elas ficam gravadas na sua mente. A impecabilidade na construção de todo o planeta de Pandora, os animais, as plantas, chego a ficar sem ar só de pensar.
Adicionando à lista do que mais chama atenção no filme está a trilha de James Horner, que também compôs a trilha de Titanic. Aqui ele aplicou o mesmo artifício do longa de 1997, a mesma melodia é usada diversas vezes, mas com roupagens completamente diferentes e imperceptíveis à quem não presta atenção nessas coisas. A mesma melodia é utilizada na canção original do filme, “I See You”, cantada pela little-diva Leona Lewis. É algo bem “My Heart Will Go On” mesmo e se encaixa perfeitamente ao filme, assim como a canção cantada por Celine Dion. É uma pena que ela não toque no filme, mas durante os créditos ela estava lá e eu cantava junto, pois já tinha ouvido antes.
“Avatar” pode não ter diálogos dinâmicos e memoráveis, montagem e personagens complexos, mas não deixa de ser um marco. Ouso dizer que é o filme da década, pois consiste em toda uma experiência vivida. Algo como Guerra nas Estrelas de George Lucas. Eu só sei que eu quero aprender a falar na’vi de qualquer jeito! E a torcida no Oscar é inevitável, gostaria muito de ver o filme lembrado nas categorias principais, além das técnicas, sem dúvida. E se possível, seria muito prazeroso ver Zoë Saldaña figurando na lista de Atriz Coadjuvante.
* Fícha Técnica *
Título: Avatar
Título Original: Avatar
Ano: 2009
País: EUA
Direção: James Cameron
Roteiro: James Cameron
Com: Sam Worthington, Zoë Saldaña, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Michelle Rodriguez
Cotação: A+
Alex, creio que você nunca conheceu meu lado chato, afinal sempre nos entendemos muito no assunto cinema rs… Mas hoje vai entrar um pouco em contato.
Sobre estar dentro de um filme, entendo e concordo… Mas Avatar não é exclusivo. Um bom filme, com sangue, com humanidade, te transporta para o universo que ele representa. Vividamente, independente das cores ou do 3D. Poderia citar uma lista, mas cito um chave: Rebecca, do Hitchcock… Há no filme a reconstrução da cena de um filme, no qual a cena é simplesmente narrada e vai se mostrando na tela os ambientes – em detalhe – onde o crime ocorreu. Não precisa de mais nada pra você estar profundamente imerso naquele acontecimento.
Segundo, a arte do escrever, do manipular e criar vidas… O de ser um Deus, não é maior ou menor, ao meu ver, se você cria um mundo ou uma tarde na vida de uma pessoa. Cameron faz alegorias mil, é verdade. Cria um dialeto (nem é difícil assim, toda criança que é criança já criou um alfabeto só seu), cria algumas culturas. Já disse, não se compara a Tolkien. Mas agora vou mais longe, pegando outra coisa que eu sei que você gosta: talvez você não tenha lido Reparação, mas tem boa noção do que se trata pelo belíssimo filme. Ian McEwan pode não ter criado um mundo, clãs e uma língua. Mas sua trama, seu mergulho na alma de Briony e de uma escritora, enfim, seu poder criador é imenso e bem mais complexo, o que mostra que o número de alegorias pouco nos revela.
Por outro lado, concordo em número e grau com os elogios às partes técnicas e à exuberante trilha de James Horner, assim como aprecio as atuações de Zoe e Sam.
Agora você o anunciar como um dos filmes da década me desanima um tiquinho.
Abração!
Tomei até um susto com o tamanho do texto, rs.
Não vi o filme do Hitchcock, nem li Reparação, então não posso completamente o que você diz, até porque no filme Briony é deixada de lado em relação ao casal, o que é muito criticado por quem já leu o livro, então não posso tomar por base o filme, visto que a imersão no universo dessa personagem é muito mais acentuada.
E muito do que sinto em relação à um filme vem da minha conexão e empatia pelo mesmo, embora enxergue alguns defeitos (o que não é o caso de Avatar) como em Desejo e Reperação, O Leitor, entre outros… a conexão que tenho com os dois filmes é tanta que certas coisas ficam imperceptíveis. É claro que meu senso crítico não é prejudicado por isso, pois sei separar as coisas. Tanto que deixo claro e “separo” o meu ponto de vista crítico do “emocional”.
Abraço!
Mas poxa… melhor da década?
Não sei se você reparou, mas eu disse que é o “filme da década” e não o melhor da década. Há uma diferença, nem sempre aquilo que define, que marca algo é necessariamente o melhor.
[…] Pizziolo CINEMA, TV E BLABLABLÁ “Avatar pode não ter diálogos dinâmicos e memoráveis, montagem e personagens complexos, […]
Eu sou daqueles que tende a concordar muito mais com você do que com os críticos do filme… Acho sim que James Cameron fez história, usou um tema levemente batido porém o utilizou de forma a deixar o filme interessantíssimo e emocionante, portanto sou daqueles que acha que Avatar é sim um marco na história do cinema e fico muito feliz de tê-lo visto…
“Avatar” é mais um filme que a américa superestima e força o resto do mundo a achar perfeito por pura publicidade de suas novas técnicas e efeitos. Nada mais do que isso.
Não é nem perto tudo isso que dizem. É cheio de déjà vus cinematográficos que me deixaram envergonhado em certas partes por tamanha “cópia” descarada de James Cameron.
Vi muito da animação japonesa do gênio Hayao Miyazaki (esse sim um gênio da animação, que já criou mundos jamais imaginados, dialetos, culturas, e tudo com uma delicadeza que deixaria Cameron em casa), ouvi uma música tema que tem a métrica quase idêntica a “My Heart Will Go On” de “Titanic”, ouvi um trilheiro, James Horner, em uma de suas piores e desinteressantes trilhas em todos os tempos, com trombetas de “Tróia” e árias de “The Land Before Time”, vi uma excelente atriz, Sigourney Weaver, salvando o elenco desafinado e quase se fazendo caricata por causa disso.
Quando “Jurassic Park” de Spielberg foi lançado em 93, Hollywood tentou fazer a mesma coisa. Tentaram elevar o filme por causa da inovação dos efeitos, que foram desenvolvidos por uma única equipe e que Spielberg ajudou a moldar, sendo o “dono” das técnicas as quais só poderiam ser utilizadas em outros filmes após pagarem um preço à ele pelos direitos. Por causa desses direitos, por Spielberg não ter aberto as pernas para que Hollywood usasse e abusasse disso, os críticos se dividiram por birra contra o espírito “anti-americano” de Spielberg.
Cameron sabe disso e abriu as pernas para toda Hollywood usar e abusar dele e de “Avatar”.
Resumindo: “Avatar” só está tão bem entre os críticos americanos (muita gente segue aquilo que esses caras falam sem terem opinião própria) por causa do jogo de interesses. O filme não é clichê em todos os sentidos, só a parte técnica se salva.
Correção:
O filme é clichê em todos os sentidos, só a parte técnica se salva.
Só discordo um pouco da parte de diálogos memoráveis e personagens complexos, pois para mim o filme tem isso também, mas no geral é uma das maravilhas que a década apresentou mesmo.
[…] Avatar (EUA, 2009 de James Cameron) | A+ A Fita Branca (Alemanha, 2009 de Michael Haneke) | A+ Queime Depois Ler (EUA, 2008 de Joel e Ethan Coen) | C+ Procura-se Um Marido (Reino Unido, 2008 de Eric Styles) | B- O Lado Cego (EUA, 2009 de John Lee Hancock) | A- Encontro de Casais (EUA, 2009 de Peter Billingsley) | D+ Dublê de Anjo (India/EUA/Reino Unido, 2008 de Tarsem Singh) | B+ […]